Título: O Nascimento de Vénus
Data: 1483 / 1485
Dimensão: 172,5 x 278,5 cm
O Nascimento de Vénus está exposta na Galleria degli Uffizi em Florença, Itália, e consiste de têmpera sobre tela. A pintura representa a deusa Vénus, emergindo do mar mulher adulta, conforme descrito na mitologia romana.
É provável que a obra tenha sido feita em 1485, sob encomenda para Lorenzo di Pierfrancesco de Médici, que a teria pedido para adornar sua residência, a Villa Medicea di Castello. Alguns estudiosos sugerem que a Vénus pintada para Pierfrancesco, e mencionada por Giorgio Vasari, teria sido outra que não a obra exposta em Florença e estaria perdida até ao momento.
Alguns acreditam que eventualmente a obra seja homenagem ao amor de Juliano de Médici (que morreu em 1478, na Conspiração dos Pazzi) por Simonetta Vespúcio, que viveu em Portovenere, uma cidadela à beira-mar. Qualquer que tenha sido a inspiração do artista, parecem haver influências de obras como "Metamorfoses" e "Fasti", ambas de Ovídio, e "Versos" de Poliziano.
No quadro, a deusa clássica Vénus emerge das águas numa concha, sendo empurrada para a margem por Zéfiro, o Vento Oeste, símbolos das paixões espirituais, e recebendo, de uma Hora (as Horas eram as deusas das estações), uma manto bordado de flores.
Alguns especialistas argumentam que a deusa nua não representaria a paixão terrena, carnal, e sim a paixão espiritual. Apresenta-se de forma similar a antigas estátuas de mármore (cujo candor teria inspirado o escultor do século XVIII, Antonio Canova), esguia, com longos membros e traços harmoniosos.
O efeito causado pelo quadro, no entanto, foi um de paganismo, já que foi pintado numa época em que a maioria da produção artística se atinha a temas católicos. Por isso, chega a ser surpreendente que o quadro tenha escapado das fogueiras de Savonarola, que consumiram outras tantas obras de Botticelli que teriam "influências pagãs".
A anatomia da Vénus, assim como vários outros detalhes menores, não revela o estrito realismo clássico de Leonardo da Vinci ou Rafael. O pescoço é irrealisticamente longo e o ombro esquerdo posiciona-se num ângulo anatomicamente improvável. Não se sabe se tais detalhes constituiram erros artísticos ou licença artística, mas não chegam a atrapalhar a beleza da obra, e alguns chegam a sugerir que seriam presságios do vindouro Maneirismo.