Salvador Dalí - 1931
Salvador Dalí - 1946
Salvador Dalí - 1933
Salvador Dalí - 1951
Salvador Dalí - 1937
Salvador Dalí - 1937
Salvador Dalí - 1943
Salvador Dalí - 1952
Salvador Dalí - 1937
Salvador Dalí - 1936
Salvador Dalí - 1937
Salvador Dalí - 1944
Título: A Persistência da Memória
Data: 1931
Dimensão: 24 x 33 cm
Em 1931, Dalí pintou uma das suas mais famosas obras, A Persistência da Memória. Às vezes chamada de "Relógios Fundidos", o trabalho apresenta a surrealista imagem da fusão de um relógio de bolso.
A interpretação geral do trabalho é a de que o relógio é, incansávelmente, o pressuposto de que o tempo é rígido ou determinista, e neste sentido é apoiado por outras imagens, no trabalho, tais como a vasta expansão da paisagem.
Os insectos surgem como símbolos de conceitos subjectivos. No caso das formigas que se amontoam no único relógio rígido, elas trazem a ideia de apodrecimento. O artista sugere que o tempo é devorado pelas formigas.
Já a mosca, pousada no outro objecto, carrega como simbolismo a passagem subjectiva desse mesmo tempo, numa alusão de que as horas, os dias e os anos passam de forma distinta, dependendo da perspectiva que se observa.
O trabalho, pode ser visto no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMa), e foi produzido com a técnica de óleo sobre tela.
Segundo o próprio autor, a tela foi concebida num momento de indisposição, quando, ao recusar um passeio com a esposa, o artista ficou em casa pintando.
Título: A Tentação de Santo Antão
Data: 1946
Dimensão: 90 x 119,5 cm
Esse quadro foi feito para um concurso idealizado pelo director de cinema Albert Lewin. A obra seria parte de um novo filme, cujo tema era "A Tentação de Santo Antão".
O vencedor do concurso foi Max Ernst, com a pintura "The Private Afair of Bel Ami (O homem sem coração)".
Mesmo não ganhando, a obra de Dalí fez um enorme sucesso. Nessa tela, ele exibe um homem santo sendo importunado por imagens que sugerem desejo sexual e luxúria.
É um óleo sobre tela, de 1946, mede 90 x 119,5 cm e está nos Museus Reais de Belas-Artes da Bélgica.
Título: Angelus Arquitectónico de Millet
Data: 1933
Dimensão: 73 x 60 cm
No final da década de 1920, Salvador Dalí chegou à descoberta do método paranóico-crítico, um sistema de pesquisa que o pintor definiu como um "método espontâneo de conhecimento irracional baseado na objetividade crítica e sistemática das associações e interpretações de delírios fenómenos".
Uma das variantes iconográficas do repertório paranóico-crítico de Dalí são os chamados "caprichos", ou temas escolhidos ao acaso. Um deles foi L'Angélus (O Angelus) de Jean-François Millet, uma pintura exemplificativa da moral cristã do século XIX, que Dalí admirava enormemente.
Durante o processo de reinterpretação do tema, Dalí deu-lhe conotações eróticas de vários níveis de explicitação, como fez com a maior parte de sua produção. Esta pintura, em óleo sobre tela, foi feita pouco antes da "Reminiscência Arqueológica do Ângelus de Millet", também pintada por Dalí em 1935.
Está exposta no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madrid.
Título: Cabeça Rafaelesca Explodindo
Data: 1951
Dimensão: 43 x 33 cm
Após a explosão atómica sobre Hiroshima em 1945, Dalí pintou várias cabeças e figuras fragmentadas. Algumas das formas que formam a cabeça nesta pintura são sólidas e fálicas, inspiradas em chifres de rinoceronte.
A parte superior da pintura, com o halo e as nuvens castanhas, lembram fotografias de explosões atómicas. O rosto feminino, com a sua expressão terna e halo fino, é reconhecível como o rosto de uma Madonna de Raphael.
Dalí era um grande admirador das pinturas dos Velhos Mestres. A secção do crânio neste trabalho é baseada no interior da cúpula do edifício do Panteão em Roma. Há também uma abertura no topo da cabeça da figura por onde entra um foco de luz solar amarelada, o que cria uma atmosfera divina.
O quadro foi feito em 1951 com tinta a óleo, mede 43 x 33 cm e está na Galeria Nacional da Escócia.
Título: Cisnes Reflectindo Elefantes
Data: 1937
Dimensão: 51 x 67 cm
Esta pintura é do período crítico-paranóico de Dalí. Pintado com óleo sobre tela, contém uma das famosas imagens duplas de Dalí. As imagens duplas foram uma parte importante do "método paranóico-crítico" de Dalí, que apresentou no seu ensaio de 1935 "A Conquista do Irracional".
Ele explicou o seu processo como um "método espontâneo de compreensão irracional baseado na associação crítica e interpretativa de fenómenos delirantes". Dalí usou este método para trazer à tona as formas alucinatórias, imagens duplas e ilusões visuais que enchiam as suas pinturas durante os anos trinta.
Tal como acontece com "A Metamorfose de Narciso", esta obra usa o reflexo num lago para criar a imagem dupla, vista na pintura. Em Metamorfose, o reflexo de Narciso é usado para espelhar a forma da mão à direita da imagem.
Aqui, os três cisnes na frente de árvores sombrias e sem folhas são reflectidos no lago de forma a que os pescoços dos cisnes se tornem as trombas dos elefantes, os corpos dos cisnes se tornem as orelhas e as árvores se tornem as pernas.
No fundo da pintura está uma paisagem catalã retractada em cores ardentes de outono, as pinceladas criando remoinhos nas falésias que cercam o lago, para contrastar com a quietude da água. A paisagem é ensolarada e árida e há também a figura de um homem, que talvez fosse um auto-retrato do artista, no lado esquerdo da cena.
A produção é de 1937, tem 51 x 67 cm, foi produzida com tinta a óleo sobre lona e pertence a uma colecção privada.
Título: A Metamorfose de Narciso
Data: 1937
Dimensão: 51 x 78 cm
A obra representa o mito de Narciso, da mitologia greco-latina. Existem pelo menos quatro registros literários do mito de Narciso. As versões mais citadas são as de Ovídio e Cânon, as quais remontam ao século I, bem como a de Pausânias, do século II.
Além de Dalí, outros artistas retractaram o mito de Narciso, cada qual à sua maneira, variando os estilos dependendo do contexto histórico e do movimento artístico aos quais estavam inseridos. Entre eles, destacam-se as representações de Caravaggio, Nicolas Poussin e Waterhouse.
A história do jovem Narciso (um rapaz incrívelmente belo, mas que devido à sua extrema arrogância acabou condenado a admirar o próprio reflexo às margens de um lago até morrer e ser transformado em flor pela deusa Afrodite) serviu ainda de inspiração para a psicanálise, que, por sua vez, teve forte influência nas obras dos artistas surrealistas.
Em 1939, Dalí foi a Londres para conhecer Freud, que se encontrava exilado em território britânico devido à ascensão do nazismo na Áustria e na Alemanha. Dalí mostrou então ao psicanalista o quadro que havia pintado dois anos antes. Ao ver a pintura, Freud ressaltou o artificialismo da tentativa dos surrealistas em retractar de maneira artística o inconsciente.
"Não é o inconsciente o que eu vejo nas suas pinturas e sim o consciente", disse Freud. No entanto, ao se deparar com "A Metamorfose de Narciso", o médico ressaltou "a inegável maestria técnica" do pintor catalão.
É uma pintura a óleo feita em 1937 e hoje em dia encontra-se na Tate Gallery, em Londres.
Título: Criança Geopolítica Assistindo o Nascimento de um Novo Homem
Data: 1943
Dimensão: 44,5 x 52 cm
A pintura foi feita durante a estada de Dalí nos Estados Unidos de 1940 a 1948. Diz-se que é uma das suas pinturas mais reconhecidas. É de um homem lutando para sair de um ovo enquanto uma mulher adulta e uma criança observam.
Dalí forneceu algumas notas abreviadas e misteriosas sobre a obra: "pára-quedas, protecção, cúpula, placenta, catolicismo, ovo, distorção terrena, elipse biológica. A geografia muda de pele na germinação histórica". O ovo é um tema comum na obra de Dalí. No início de sua carreira, os ovos comumente simbolizavam esperança e amor.
No entanto, "Criança Geopolítica Assistindo o Nascimento de um Novo Homem" e outras obras posteriores imitam o ovo como um símbolo cristão de pureza e perfeição. Dalí usa a "gema" amarela que vaza do ovo para mapear o mundo no ovo. O homem emergindo do ovo é o "Novo Homem" mencionado no título, e a "Criança Geopolítica" pode ser vista agachada no canto inferior direito.
O Novo Homem emerge do ovo onde a América do Norte deveria estar, rompendo o poder crescente dos Estados Unidos e colocando a sua mão na Europa para apoiar a sua emergência. A América do Sul e a África são ampliadas em relação à Europa, transmitindo a crescente importância do chamado "terceiro mundo". O pano drapeado representa a placenta.
A figura andrógina a que a criança geopolítica se apega aponta para o Homem Novo, mostrando à criança o "novo período histórico que ela representará".
Esse é um óleo sobre tela de 1943, mede 44.5 x 52 cm, e pode ser visto no Museu Salvador Dalí, na Florida, EUA.
Título: Galatea das Esferas
Data: 1952
Dimensão: 65 x 54 cm
Esta obra retrata o rosto de Gala, esposa e musa de Salvador Dalí, composto por uma série de esferas, aparentemente suspensas no espaço. O nome Galatea pode referir-se a uma ninfa do mar da mitologia clássica conhecida pela sua virtude ou, pode também se referir à estátua amada por seu criador, Pigmalião.
Representa uma síntese da arte do renascimento e da teoria atómica e ilustra a descontinuidade final da matéria, com as esferas representando partículas atómicas. Esta pintura é uma das obras mais representativas do período do misticismo nuclear de Dali.
É o resultado de um Dalí apaixonado pela ciência e pelas teorias da desintegração do átomo. Ele se interessou muito pela física nuclear depois da primeira explosão da bomba atómica em 1945 e descreveu o átomo como seu "alimento favorito para o pensamento".
Reconhecendo que a matéria é formada por átomos que não se tocam, ele tentou replicar isso na sua arte daquela época, com itens suspensos e sem contacto entre si, em várias pinturas. Galatea das Esferas é um dos actos mais eloquentes de homenagem ao rosto de Gala que Dalí produziu.
A tela data de 1952, é um óleo sobre tela, com as dimensões de 65 x 54 cm e está exposta no Teatro-Museu Dalí em Figueres, Espanha.
Título: Girafa em Chamas
Data: 1937
Dimensão: 35 x 27 cm
A tela "Girafa em Chamas" foi produzida durante a Guerra Civil Espanhola. Nesse período, Dalí estava auto-exilado. Ele pintou o quadro na mesma época em que fez "Construção Mole com Feijões Cozidos". Nas duas obras a atmosfera da guerra está presente.
Aqui, Dalí utiliza a girafa como símbolo premonitório de grandes desastres. A mulher com gavetas não possui feição, que seria o símbolo do desespero. São muitos os elementos psicanalíticos que o pintor usa para fazer a sua leitura do momento bélico em que a Espanha se encontrava.
A imaginação e a sua criatividade produzem, nesta obra, uma atmosfera crepuscular, com um céu azul profundo. Há duas figuras femininas, uma gigantesca ocupando o centro do quadro e mais próxima, e outra à direita do observador mais ao longe. Do lado esquerdo, uma silhueta de girafa pega fogo, ao longe, próxima às montanhas que compõem o resto da paisagem.
Apesar de estar no plano mais longe e em menor foco, é a girafa quem dá nome ao quadro. Embora esteja em chamas, a girafa está parada sem qualquer expressão corporal de dor. Toda a narrativa da obra se passa em algo que parece um deserto.
A figura do quadro tem gavetas no seu corpo. As gavetas abertas seguem uma sequência do peito às pernas e aparentam estar vazias (o que hoje é interpretado como uma abertura para obter novas informações e ainda, para transmiti-las ao próximo).
As mãos, os antebraços e a cara da figura mais próxima são listrados para baixo, ao tecido muscular, abaixo da pele; mais longe uma figura está prendendo uma tira da carne.
A obra é de 1937, foi pintada com tinta a óleo sobre painel e tem dimensões de 35 x 27 cm.
Título: Construção Mole com Feijões Fervidos
Data: 1936
Dimensão: 99,9 x 100 cm
Construção mole com feijões fervidos, também chamada Premonição da Guerra Civil. Neste trabalho, Salvador Dalí trata do tema da Guerra Civil Espanhola sob uma perspectiva um tanto ou quanto obscura no que toca ao seu posicionamento ideológico e político.
Por conta dessa obra e da ambiguidade política do artista, o movimento surrealista o pressiona e surgem diversas polémicas, pois todos os artistas de tal vertente se consideravam revolucionários de esquerda.
Esta pintura expressa a destruição durante a guerra civil espanhola. A criatura monstruosa dessa pintura é autodestrutiva. Esta pintura não pretende retractar os lados escolhidos, embora Dalí tivesse muitas razões para escolher os lados da Guerra Civil Espanhola. Sua irmã foi torturada e aprisionada por soldados comunistas que lutavam pela República e seu amigo, o poeta Federico Garcia Lorca, foi assassinado por um pelotão de fuzilamento fascista.
Dalí fez essa pintura parecer realista e, ainda assim, continuou a mobilizar conceitos surreais. Embora os seres humanos não tenham o potencial de se parecer com as criaturas desta pintura, ela retém uma sensação realista, lembrando o espectador da gravidade das ideias por trás dela.
Dalí também trouxe ideias de tradição para esta peça com um céu catalão, criando um contraste com a ideia de revolução. Há um número significativo de feijões cozidos nesta pintura. Dalí é citado dizendo que a razão pela qual ele incluiu feijões cozidos foi que "...não se pode imaginar engolir toda aquela carne inconsciente sem a presença de algum vegetal farinhento e melancólico".
A tela foi pintada com tinta a óleo em 1936, tem 99,9 x 100 cm e está no Museu de Arte da Filadélfia, nos Estados Unidos.
Título: O Sono
Data: 1937
Dimensão: 51 x 78 cm
Em "O Sono", podemos observar uma cabeça disforme e lassa, de grandes proporções e desprovida de corpo, sustentada em várias muletas assentes no chão, sugerindo a entrada no sono e, simultaneamente, na dimensão do sonho. A paisagem é árida, há algumas figuras e uma construção ao fundo.
É interessante notar como o artista trata do assunto sobre o sono. Esse aspecto da vida era demasiado importante para os surrealistas, que viam nesse momento uma oportunidade de "desligamento" com o real e uma conexão com o mundo do inconsciente.
Em "A Vida Secreta de Salvador Dalí", autobiografia publicada em 1942, Dalí diz imaginar o sono como um monstro pesado apoiado nas muletas da realidade. Durante o sono, a realidade imaterializa-se e desdobra-se em possibilidades, liberta das contingências das leis físicas e mundanas.
Paradoxalmente, para que isto seja possível, é necessário aquilo a que Dalí chama o "equilíbrio psíquico", representado pelas muletas assentes no chão, sem o qual tudo se desintegra, dando lugar à insónia.
Porque pressupõe o acesso ao inconsciente, o mundo dos sonhos foi um tema central na corrente surrealista, fortemente influenciada pela "Interpretação dos Sonhos" de Freud.
Dalí tinha o hábito de adormecer com uma tela junto à cama para, ao acordar, registar nela as "fotografias de sonhos pintadas à mão".
Este óleo sobre tela foi realizado em 1937, tem as dimensões de 51 x 78 cm e pertence a uma colecção particular.
Título: Sonho Causado pelo Voo de uma Abelha ao Redor de uma Romã um Segundo Antes de Acordar
Data: 1944
Dimensão: 51 x 41 cm
A inspiração para este quadro foi um sonho que Gala, a esposa de Dalí, contou ao pintor. A pintura retrata uma mulher enquanto dorme numas rochas flutuando sobre o mar a apanhar sol durante um dia calmo.
Um elefante com pernas incrívelmente longas e extremamente finas passa pelo horizonte do mar, transportando um topo de uma montanha. Perto da mulher flutuam duas gotas de água e uma pequena romã. A partir de uma romã maior vem um peixe que "cospe" um tigre de onde vem um outro tigre, enquanto na frente desse existe uma espingarda apontada à mulher.
O segundo tigre demonstra várias diferenças do primeiro, diferentes garras, e sem bigodes.
Neste quadro, Dalí tenta explorar o mundo dos sonhos, a espingarda podendo representar a picadela da abelha e o acordar da mulher bastante repentino, o elefante poderá ser a visão bastante retorcida de uma famosa escultura situada em Roma, a romã mais pequena poderá simbolizar Vénus especialmente pela sombra em forma de coração, o simbolismo da mulher poderá ser a da fertilidade ou sensualidade que contrasta com as criaturas.
Pode-se também interpretar esta pintura como uma ilustração à teoria da evolução.
Este óleo sobre tela data de 1944, tem 51 x 41 cm e está no Museu Thyssen-Bornemisza, em Madrid, Espanha.