Título: A Escola de Atenas
Data: 1509/11
Dimensão: 500 x 770 cm
A Escola de Atenas é considerada uma das obras mais célebres de Raphael. A pintura de grande formato, foi efectuada entre 1509 e 1511, e encontra-se na biblioteca que pertencia ao Papa Júlio II, no Vaticano. Representa a Escola de Atenas, mais conhecida como Academia de Platão, um dos pontos altos da vida intelectual da Grécia Antiga. A pintura mostra cerca de sessenta figuras que se cruzam e discutem as suas teorias, representando algumas das mentes mais brilhantes da Grécia Antiga.
Se parte dessas personagens são muito fáceis de identificar (por exemplo, Platão e Aristóteles ao centro), outras têm várias identificações possíveis e até paralelismos com os contemporâneos de Raphael. Em ambos os lados, e acima de todos, podemos também encontrar duas estátuas que simbolizam grandes deuses da mitologia grega. Apolo, representando a luz da verdade, à esquerda, e Atena, deusa da sabedoria, da civilização e da matemática, à direita.
Ao centro e à esquerda, está Platão, o fundador da Academia que foi também um grande filósofo e matemático, que aponta para cima, em referência ao seu pensamento idealista e metafísico. Com a outra mão, ele segura uma cópia de Timeu, um dos seus principais diálogos, marcado pelas reflexões sobre o mundo eterno.
No centro, à direita, está Aristóteles, lembrado principalmente pelo seu trabalho filosófico, embora tenha se debruçado sobre diversas matérias. Ele aponta para a frente, para aquilo que está em seu redor, assinalando o mundo terrestre e a sua visão empírica acerca do conhecimento. Com a outra mão, ele segura um exemplar da Ética a Nicómaco, uma das suas obras fundamentais.
Perto deles, do lado esquerdo da pintura, está Sócrates, o pensador apontado como um dos fundadores da filosofia ocidental. Alheio ao que acontece no centro, está de costas e conversa com os seus discípulos, gesticulando, como se contasse ou explicasse alguma coisa.
O filósofo que deu nome ao Epicurismo, uma corrente de pensamento que buscava a tranquilidade através dos pequenos prazeres da vida, aparece no canto esquerdo da pintura. Coroado com folhas de videira, um símbolo associado à alegria e à felicidade, Epicuro escreve num livro, enquanto um grupo de alunos o observa atentamente, tirando notas das suas explicações.
Lembrado pelo seu teorema, Pitágoras, surge em primeiro plano, sentado nas escadas e isolado dos demais. Esta parece ser uma referência ao espírito melancólico de Heráclito, que escreve com uma das mãos no rosto, numa postura de contemplação. Deitado no meio dos degraus, lendo um documento relaxadamente, está Diógenes. A posição em que se encontra remete para a própria conduta do filósofo que decidiu viver nas ruas, com um mendigo. Desprezando o poder e os bens materiais, ele encarava a pobreza com um caminho para encontrar a virtude e levar uma vida natural.
No canto inferior direito da pintura, temos Euclides, o matemático e discípulo de Sócrates que ficou conhecido como o "pai da Geometria". Com o corpo dobrado, o professor usa um compasso para desenhar, explicando um dos seus princípios. À sua volta, os alunos observam os seus movimentos e aprendem com eles.
Ao lado de Euclides surge Ptolomeu, o geógrafo e astrónomo que defendia que a Terra era o centro do Universo e foi representado segurando um globo. À sua volta, estão diversos homens que o escutam, incluindo uma figura que olha diretamente para o espectador, como se o encarasse e chamasse a sua atenção.
Acredita-se que este jovem pode representar o próprio Raphael, tratando-se de uma espécie de mensagem que o pintor tivesse deixado.
Além da possível presença do pintor, existem outros artistas do seu tempo que parecem ser referenciados nesta obra. É o caso de Michelangelo (1475/1564), um dos mestres da Renascença, que pode ter inspirado a aparência e as vestes de Heráclito. Há também quem defenda outros possíveis tributos, por exemplo, que a figura de Platão teria sido baseada em Leonardo da Vinci (1452/1519) e a de Euclides em Bramante (1444/1514).
Algumas figuras apenas se encontram parcialmente identificadas, tratando-se de hipóteses sem confirmação. É o caso de Antístenes, Xenofonte, Ésquines ou Arquimedes, entre outros. Também Alexandre, o Grande (356 AC/323 AC), que foi discípulo de Aristóteles, pode constar no lado esquerdo, conversando com Sócrates. Embora os trajes e o elmo de guerra pareçam confirmar essa teoria, existe também a hipótese de se tratar do político e estratego Alcibíades (450 AC/ 404 AC).
A Escola de Atenas reúne alguns dos maiores pensadores da Antiguidade, que viveram e produziram em épocas bastante distintas. Aqui, eles são colocados todos no mesmo tempo e espaço, como se tivessem convivido entre si e dialogassem, trocando visões acerca do mundo e da própria filosofia. A imagem poderosa transmite uma ideia de continuidade, como se não existissem isolados uns dos outros, e partissem de uma mesma matriz, centrada em Platão.
Inspirada na herança cultural da Grécia Antiga, A Escola de Atenas recupera temas e formas do imaginário clássico, cumprindo assim um dos principais objetivos da pintura renascentista. Raphael faleceu prematuramente, no dia do seu aniversário de 37 anos, e foi sepultado no Panteão de Roma. O seu nome continua eternizado como um dos maiores artistas italianos e uma figura incontornável da Pintura Renascentista.